“A família humana constitui o início e o elemento essencial da sociedade.”
(in Santo Agostinho, A Cidade de Deus)
É reconhecida a importância da família como unidade social e o seu papel na determinação do carácter e estrutura da sociedade. Não existimos como pessoas isoladas na nossa família, somos um membro do modelo dinâmico e microssistémico ao qual pertencemos.
Então qual é o papel da família na nossa existência individual, grupal e social?
A família deverá ser um modelo a imitar, a essência dos valores morais, éticos e educacionais. Desde cedo é aos pais que cabe o papel de ensinar, de mostrar o que a criança deve fazer. Induzimos qual o comportamento que esperamos do nosso filho; a criança reflete as exigências do comportamento dos pais, aprende a caminhar, a falar, a controlar os esfíncteres, a falar baixo….
Toda esta montra de aprendizagens, de modelos deve acontecer no seio do afeto, segurança, com recursos múltiplos de amor, bondade e individualidade.
Somos o resultado da família em que nascemos? Sem dúvida que sim, somos portadores do seu sangue, dos seus ensinamentos e exemplos. Mas não só.
Vamos além quando podemos pensar sozinhos. Mas mesmo no pensar individual, não estará enraizado o valor, a crença familiar, cultural e social? Seremos desprovidos de qualquer ligação emocional ou modelar no juízo crítico?
Um elemento de uma família na Ásia irá elaborar os seus constructos mentais de maneira idêntica ao elemento de uma família em África ou na Europa??
A crise social deste mundo moderno estende-se ao sistema familiar, às questões psicológicas, sociológicos e morais. A família é tutelada pela lei, rege-se pela religião, fé e ciência.
A estrutura familiar tradicional está em queda e surgem novos modelos familiares. A evolução não deve ser vista negativamente, como perda, deve ser encarada como transição para outro estadio global social, no qual a sua essência fundamental (função) deverá ser mantida.
A família é a base, tem poder e gera caminhos que podem ser facilitadores ou dificultadores da nossa individualidade e felicidade.
Só ficamos a ganhar se vivermos num modelo harmonioso de união, com aceitação das diferenças, onde a compaixão e respeito pelo próximo, seja ele qual for, esteja ele onde estiver, estejam presentes e assentes em forças poderosas de amor e afeto.
Andreia Montenegro